terça-feira, 30 de março de 2010



BBB 10 REFLETE A SOCIEDADE ATUAL ESPELHADA NA IDADE MÉDIA

Nunca na história do nosso País, como diz o presidente Lula, um reality show mostrou, com tanta profundidade, a relação humana da forma como o Big Brother Brasil 10. Nesta edição, a bandeira das minorias foi a da vez, levantada e fincada num pedestal. Passaram pela "casa mais vigiada do Brasil" - bordão do apresentador-tigrão-poeta Pedro Bial -, três homossexuais assumidos, alguns cujos nomes já circularam na boca dos assíduos de afamadas baladas gays do Rio e São Paulo e outros que, talvez, ficarão dentro do armário pro resto da vida.

Tais participantes logo serão esquecidos e, ao contrário dos novos milionários - como foram Rafinha, Mara, Max -, cairão no ostracismo ou tentarão a vida participando de quadros sensacionalistas da TV brasileira. Mas se o BBB conseguiu dialogar com as minorias sexuais, foi também palco para guerras sociais, travadas entre belos e feios, magros e gordos, sarados e flácidos. Um campo de batalha propício para a supremacia da intolerância.

No circo televisivo às avessas, com o passar do tempo as alegrias foram transformadas em mágoas e as máscaras, aos poucos, caíram. Com elas no chão, os "brothers" mostraram suas reais caras - isso para quem acredita que a brincadeira não é arquitetada ou, como dizem os céticos, manipulada.

O tão sonhado e apregoado R$ 1,5 milhão pesou na consciência de cada um, como se a disputa pelo prêmio fosse o gatilho, a porta de entrada para o show de horrores que se configura a humanidade. E, embalados pela onda permissiva do reality, a teleplateia, cansada de suas repressões sociais e do chato politicamente correto, também perdeu, junto, suas máscaras após dez anos.

Nas primeiras seis edições do programa, invariavelmente, o bonzinho sagrava-se vencedor, como o que inaugurou a "dinastia", Kleber Bambam, que chegou ao Olimpo do BBB acompanhado de sua boneca-cabide improvisada, em 2002.

A partir da sétima edição, o fim da era jedi se configurou e os espertinhos (mauzinhos? danadinhos?), começaram a crescer e aparecer. A vitória do polêmico Diego Alemão, em 2007, é prova disso.

O ápice do "faça a guerra, não faça o amor" acontece com a ascensão do lutador de vale tudo e jiu-jitsu, Marcelo Dourado. Um brother eliminado em seu primeiro paredão, na oitava semana do BBB 4, que voltou por uma obra da sorte e jogou tão bem a ponto de ser encarado pelo público como homem verdadeiro, cujas derrotas na vida (e não no ringue) lhe fizeram vencedor.

Nos 78 dias de confinamento, Dourado teve atitudes que, se não tivessem sido milimetricamente arquitetadas, seriam encaradas como um típico quadro de esquizofrenia. Brigava quando estava no limite, mas sempre se "arrependia" e pedia desculpas. "Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem". Tal frase foi citada, com suas devidas modificações, por Pedro Bial, quando El Douradon proferiu a pérola "hétero não pega aids", repercutida em páginas e páginas de jornais e, depois de muita ladainha, resultou num pedido formal de esclarecimentos do Ministério Público. Resumidamente, Dourado quis dizer que se um homem tem o vírus HIV, com certeza já teve uma relação sexual com outro em algum momento da vida. Declaração irresponsável, especialmente quando, afirmam as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, mais mulheres e jovens - heterossexuais - estão contraindo a doença porque não se protegem adequadamente durante as relações sexuais.

A pouca informação de Dourado segue o estigma da aids, amplamente espalhado nas décadas de 1980 e 1990, quando o vírus era vulgarmente - e bote vulgar nisso - conhecido como "doença de viado". O lutador afirma que tal informação veio de um conhecido médico. Ao soltar a grosseria, a polêmica virou-se para seu lado, de forma positiva. Com pobres palhaços de circos expostos a ponto de falarem o que desejam, sem o mínimo veto da emissora que os colocou no ar em rede nacional, a plateia estava à vontade. Conseguia, enfim, se expressar diante de um mundo cada vez mais colorido e ameaçador. O que aconteceria dali pra frente? Onde ficaram os valores religiosos? E a família brasileira?

Dourado reverteu esse jogo. Mostrou que o mundo não era tão aberto como se pensava. Foi herói (como a maioria deles, contraditório), pois agradou gregos e troianos. De filhos a avós. Foi genial. Dentro da casa, seu preconceito foi revertido em tolerância - exceto quando explodia. Cabe lembrar.

Mas o lutador tinha total consciência de seus atos. Pedia perdão porque sim, lhe convinha. Fez amizade com Serginho e Dicesar porque seus colegas de confinamento os aceitavam, numa boa. Mais ainda, o público também poderia aceitá-los. Obviamente, ele sabia que nadar contra a maré seria sua morte no programa. Deveria agir na defensiva, mas jogando. Essa é a mensagem principal: jogar, sem que ninguém perceba.

Por sua vez, os gays da casa estavam longe de agradar o público padrão. Afeminados, falavam de sexo sem meias palavras, davam selinhos, citavam gírias afetadas, desconhecidas por grande parte dos espectadores - e justamente por isso despertavam o ódio até mesmo dos seus companheiros dentro e fora do armário, que não gostavam de serem retratados daquela forma. Era a confirmação de um preconceito.

A grande vitória dessa edição é que o Big Brother Brasil 10 tornou-se um espelho da sociedade brasileira. Caetano Veloso estava certíssimo ao escrever, na letra de Sampa, que "Narciso acha feio o que não é espelho". Os narcisos finalmente se viram retratados no reality show mais assistido do Brasil. Dar "aquela espiadinha" funcionou como terapia. No mundo perfeito da casa do BBB, todo mundo diz o que pensa. Alegria para os dois lados: o da Globo, que conseguiu renovar uma franquia que já estava para lá de gasta, e o da sociedade, que ao contrário do que se pensava, não se distanciou muito da Idade Média. Que pesquisa de campo, que nada. O melhor termômetro da podridão humana é o BBB!

quarta-feira, 17 de março de 2010



TENHO ASSISTIDO À DÉCIMA EDIÇÃO DO BBB,TENTADO OBSERVAR COMPORTAMENTOS E ANALIZAR MELHOR OS BROTHERS SINTO CERTA SIMPATIA POR ALGUNS,MAS NÃO EXISTE MAIOR MERECEDOR DO PRÊMIO SENÃO DICÉSAR,UM GUERREIRO DA VIDA, UM ARTISTA FANTÁSTICO,UMA PESSOA DO BEM….
SE ESTÁ MEIO BARATINADO NO JOGO É PQ É TD MUITO NOVO P ELE,NOTA-SE PELAS ATITUDES QUE ELE NÃO TEM MALICIA NO JOGO,POR ISSO O TAXAM COMO FALSO E INDECISO E BLA BLA BLA,AO CONTRARIO DA COBRA DOURADO QUE É VETERANO,VACINADO E UM EXÍMIO MALANDROOO…

GENTE, ABRAM O OLHO! PRA NÃO ENTREGAR O PRÊMIO NAS MÃOS DE UMA PESSOA TÃO HIPOCRITA,DEMAGOGA E FINGIDA COMO O DOURADO…QUE POR SUA VEZ, DISFARÇA MUITO MAU SEU PRECONCEITO À COMUNIDADE GLBT….POR MIM DIMMY JÁ É DONO DO PRÊMIO..
É COMO EU SEMPRE DIGO:


DÁ A CÉSAR O Q É “DICÉSAR”

VIVA À IGUALDADE,

VIVA À LIBERDADE DE EXPRESSÃO,

VIVA AOS DIREITOS HUMANOS,

AVANTE DIMMY!

quarta-feira, 10 de março de 2010


Governo cubano volta a pagar por operações de mudança de sexo

Olhar no espelho costumava incomodar Yiliam Gonzalez. "Eu me via, e meu corpo não tinha nada a ver com a pessoa que sou", disse Gonzalez, 28 anos, uma pianista que toca em casamentos e costumava atender por William antes de realizar uma operação de mudança de sexo custeada pelo serviço nacional de saúde cubano.

Gonzalez serve como prova de uma pequena mas notável transformação na revolução rústica liderada por Fidel Castro, Che Guevara e um grupo de rebeldes barbados e sempre másculos, que costumava punir os gays e os transexuais mas agora custeia operações de mudança de sexo.

Com altura de 1,83 metro, cabelos loiros à altura dos ombros, maquiagem pesada e uma carteira de identidade que ainda porta seu nome masculino, Gonzalez passou pela cirurgia em 2008. Ela é um dos oito cubanos que se beneficiaram de um programa criado em 1988 mas suspenso por duas décadas depois que muita gente se queixou de que o governo comunista do país tinha coisas melhores em que gastar seu dinheiro.

As cirurgias foram retomadas, com o estímulo de Mariela, filha do presidente Raúl Castro e a principal defensora dos direitos dos homossexuais cubanos, e outros 22 transexuais estão na fila à espera de realizá-la.

Mariela Castro afirma que o governo está procedendo de modo cauteloso, realizando apenas algumas operações a cada ano. "Houve muita resistência, porque a homofobia continua a ser forte em nossa cultura", ela declarou em uma recente conferência sobre sexualidade.
Nos anos 60, a oposição ao homossexualismo era feroz em Cuba, e homossexuais eram demitidos de cargos públicos, aprisionados ou enviados a campos de trabalho. Muitos se exilaram. Os transexuais, embora não sejam homosexuais, eram tratados da mesma forma.

Embora as piadas sobre gays continuem a ser tão comuns quanto o café forte, em Cuba, campanhas de mídia do governo agora desencorajam a homofobia. Centenas de homossexuais cubanos marcharam pela elegante alameda La Rampa, em Havana, no segundo trimestre do ano passado, apenas um ano depois que as autoridades haviam proibido um desfile do orgulho gay.

"Gostaria de imaginar que a discriminação contra os homossexuais é um problema que está sendo superado", disse o ex-presidente Fidel Castro em uma série de entrevistas ao jornalista francês Ignario Ramonet, entre 2003 e 2005. "Os velhos preconceitos e a mentalidade estreita serão cada vez mais coisa do passado".

Mariela Castro se esforçou para que o Estado reconheça formalmente os transexuais. Professora infantil treinada e sexóloga diplomada, ela dirige o Centro Nacional de Educação Sexual, e dedicou anos a convencer os governantes comunistas a enfim suspender a proibição a cirurgias de mudança de sexo - ainda que a resolução jamais tenha sido divulgada em público, de forma a evitar atenção indesejada.

"Esses processos de negociações às vezes são conduzidos de forma muito discreta", disse Mariela Castro, "de modo a não despertar fantasmas". Ela diz agora que as preocupações financeiras do passado eram usadas simplesmente para ocultar preconceitos.

Não é incomum que isso aconteça, disse Denise Leclair, diretora executiva da Fundação Internacional para a Educação Sexual, de Washington. "Em muitos países, as pessoas se queixam seriamente disso. A questão é propelida principalmente por crenças religiosas", ela afirma.
As objeções religiosas não são problema em Cuba, país oficialmente ateu já há décadas. Em lugar disso, muitos cubanos alegam que os cofres públicos estavam vazios demais para bancar esse tipo de operação, em cartas enviadas ao editor-chefe do jornal do Partido Comunista, Granma, depois que a primeira cirurgia cubana de mudança de sexo bem sucedida foi anunciada, em 1988.

Leclair diz que uma cirurgia de mudança de sexo de masculino para feminino pode custar entre US$ 10 mil e US$ 25 mil nos Estados Unidos, mas que o preço pode ser até quatro vezes mais alto, a depender das opções escolhidas. Cerca de uma dezena de médicos realizam entre mil e duas mil cirurgias como essa a cada ano, nos Estados Unidos.

Canadá, Reino Unido, França e Brasil, entre outros países, oferecem cirurgias de mudança de sexo financiadas pelo governo.

San Francisco começou a pagar pelas cirurgias de mudança de sexo dos funcionários públicos municipais em 2001, e Fort Worth, Texas, está estudando a possibilidade de fazê-lo. Alguns grandes empregadores dos Estados Unidos, como a IBM e a Universidade da Califórnia, negociaram contratos com suas operadoras de planos de saúde a fim de cobrir o procedimento, conhecimento medicamente como "cirurgia de redesignação sexual", e outras empresas de seguro-saúde começaram a cobrir pelo menos parte do tratamento requerido.

Ainda assim, Leclair diz que a maior parte das grandes operadoras norte-americanas de planos de saúde não cobre esse tipo de tratamento. Cuba não revela o quanto custam as cirurgias de mudança de sexo, mas os médicos do país são funcionários do Estado e seu salário médio mensal é de cerca de US$ 20.

A despeito da recessão mundial, que atingiu Cuba de forma especialmente dura e levou Raúl Castro a anunciar cortes não especificados nos gastos com a saúde, a filha do presidente diz que o Estado não poderia deixar de executar as cirurgias.

Gonzalez diz que os oponentes da ideia "não fazem ideia de como sofre uma pessoa transexual. É uma prisão da qual é impossível sair".

Gonzalez sabia que era diferente quase desde o momento que nasceu. Aos quatro anos, já preferia roupas e brinquedos de menina, e seus pais a colocaram em terapia. O governo a designou oficialmente como transexual em 2000. Seis anos mais tarde, Mariela Castro conseguiu aprovação para a retomada das cirurgias, e Gonzalez esteve entre os primeiros beneficiários.

Dois especialistas da Bélgica executaram a operação, com, a ajuda de uma equipe de médicos cubanos, em um trabalho que durou oito horas. Gonzalez não quis revelar a data exata da operação ou os motivos para que tenha sido selecionada.

Leclair diz que 40% dos transexuais têm impulsos suicidas. Mas Gonzalez diz que namorado com quem vive há sete anos impediu que ela se deprimisse. "Ele sempre viu a mulher em mim e me aceitou como eu era", disse. "Mas não podíamos fazer sexo de maneira completa até agora".

Gonzalez não pode se casar, no entanto, porque ainda não recebeu permissão para mudar seu nome na carteira oficial de identidade. Até lá, também não poderá retomar seu trabalho como pianista em casamentos, embora deseje fazê-lo, e tampouco pode voltar a estudar, já que seu nome não serve à mulher que se tornou.

É um problema que a cubana Olivia Lam conhece muito bem. Ela nasceu Alfonso Manuel, e está esperando há dois anos por uma cirurgia de mudança de sexo.

Embora seu nome não tenha sido mudado, as autoridades permitiram que tirasse uma nova foto para sua carteira de identidade - e a foto a mostra vestida de mulher.

"A foto sou eu, ainda que o nome não seja", disse Lam, 43 anos, uma pessoa gregária que fala movendo os braços, o que faz com que os brincos sempre presentes em suas orelhas balancem alegremente.

As duas mulheres afirmam acreditar que a demora em mudar os documentos se deva à lentidão da burocracia cubana, e não a alguma forma de resistência de parte do governo.

Lam, que trabalha como cabeleireira em seu apartamento de dois quartos, começou a se vestir como mulher aos 21 anos. Embora esteja oficialmente classificada como transexual desde 2008, não sabe quando - ou se - a aprovação para a cirurgia de mudança de sexo será concedida.

E ainda que o governo agora a aceite, Lam reconheceu que conseguir que sua família faça o mesmo não foi nada fácil. "Não creio que meus pais desejassem que o filho deles fosse diferente", ela disse, "mas compreendem que uma pessoa não é assim porque quer".